terça-feira, 29 de outubro de 2013

Lavaux, patrimônio mundial da humanidade

Desde que cheguei na Suíça, a paisagem natural é o que mais me impressiona. Andando de trem, é até difícil decidir para que lado olhar. Afinal, de um lado está o Lèman, meu amado lago, e suas águas calmas e claras que parecem não ter fim. Do outro lado, além das montanhas (aqui, alpes), há um longo trecho - que se estende de Lausanne a Montreux - com as vinhas suíças chamadas de Lavaux.

Momento wikipedia: A grafia "Lavaux" - viria de "la Vallée de Lutry" (o Vale de Lutry). Ali, as vinhas são estruturadas em um terraço de pedra. O Sol reflete-se no lago e os muros de pedra concentram o calor. Com uma grande variedade de solos e micro-climas, a região produz uma rica variedade de vinhos. Uma caminhada de 32 km partindo do museu Olímpico, em Lausanne, até ao Château de Chillon, em Montreux, permite descobrir as 8 zonas com Denominação de Origem Controlada (DOC) de Lavaux, que são: Lutry, Villette, Épesses, Calamin Grand Cru, Dézaley Grand Cru, Saint-Saphorin, Chardonne, Vevey-Montreux.

A região é tão fantástica que, em 2007, Lavaux entrou para o patrimônio mundial da humanidade da UNESCO. E é claro que, ao perceber que estávamos tão próximos dessa maravilha, comecei a olhar os passeios pelo lugar. Um casal de amigos já havia feito através de Lutry: pega-se um trenzinho que passeia entre as vinhas. Pesquisando um pouco mais, descobrimos que há duas possibilidades: em alguns dias da semana, o tal trenzinho sai de Lutry, e em outros, de Cully. Outro detalhe: esse passeio só acontece de abril a outubro, ou seja, ou fazíamos agora, ou teríamos que deixar para o ano que vem.

O sábado (26/10) amanheceu tão lindo que, depois de resolvermos algumas pendências de casa - como buscar o aspirador de pó que tinha ido pra assistência técnica há quase um mês - resolvemos ir a Cully para pegar o trem das 15h. Não sabíamos ao certo o lugar de pegar o trem, mas foi fácil: saindo da estação, basta seguir as placas que sinalizam Lavaux. Fica próximo ao lago o guichê para retirada dos ingressos. Sim, é melhor fazer a reserva com antecedência. Nós não havíamos feito, mas tivemos muita sorte. Vou explicar: como fomos de última hora e tínhamos poucas informações sobre a saída de Cully, deixamos para comprar na hora. Estão lembrados que falei que esse passeio só acontece até outubro? Pois é, aquele sábado, 26, era o derradeiro, o último dia para se fazer esse tour pelas vinhas de Lavaux no ano de 2013. E como era o último, tanto o trem das 15h como o das 16h30 já estavam esgotados. Eles só estavam entregando os ingressos reservados pelo site.

Ficamos um tanto quanto frustrados com a situação, mas tínhamos a opção de fazer reserva para o domingo, saindo de Lutry (a mulher que fica no guichê nos informou que ainda havia vagas). O problema é que a previsão para o domingo era de chuva. E nós queríamos fazer o passeio com sol! Fiquei me sentindo super culpada por não ter pesquisado antes sobre a compra de ingressos, mas como dizem que o mineiro come quieto, tive uma grande ideia: "Mineirinhos que somos, vamos ficar por aqui, observando. Quem sabe alguém que reservou simplesmente não aparece?" Bem, acho que vocês já imaginam o que aconteceu, né? No último minuto, a simpática senhora que faz a venda dos ingressos disse que duas reservas não confirmaram, ou seja, não estavam presentes. Se quiséssemos ir, a hora era aquela. Então embarcamos no trenzinho das 15h, degustamos o vinho branco e desfrutamos de uma das mais belas paisagens que já pude ver. As fotos falam mais que as palavras, mais uma vez.











Lindo, não é mesmo? O passeio dura mais ou menos 1h15, com uma breve parada para fotos, mas é possível fotografar com o trem em movimento. A maioria das minhas fotos foi, na verdade, em movimento. O passeio custa 12 francos por pessoa e inclui a degustação do vinho que fica no trem. No ponto de parada, há a possibilidade de experimentar outros vinhos: paga-se 3 francos por cálice de degustação ou média de 15 francos pela garrafa, a escolha é do freguês. Uma gostosa sugestão de passeio para quem vier à Suíça. No entanto, somente entre abril e outubro do ano que vem, pois o tour pelas vinhas de Lavaux em 2013 não acontece mais. E recomendo fazer as reservas com antecedência. Nós demos sorte, mas imagino que isso não aconteça com frequência, ainda mais no final de temporada. O site para reservas é www.lavauxexpress.ch. #ficaadica

Bem, já estou na Alemanha e este post é programado. Tentarei fazer alguma postagem de lá, embora não possa prometer, pois não sei como ficará meu tempo durante a viagem. Afinal, o objetivo é aproveitar. Mas fiquem atentos que, em breve, trago relatos sobre os meus 4 dias na Alemanha. Voilà!

domingo, 27 de outubro de 2013

Montreux em domingo de chuva

Havia dito no post anterior que só postaria agora sobre a Alemanha, já que estou indo passar alguns dias por lá. Mas como ainda não postei dois passeios recentes aqui da Suíça mesmo, vamos a eles antes de embarcarmos às terras germânicas. O primeiro passeio foi um retorno a Montreux e ao Château de Chillon no domingo passado (20/10). O segundo fizemos ontem (26/10), em Cully, mas só conto os detalhes no próximo post (vou tentar deixá-lo programado para amanhã ou terça). E aí sim, depois, Alemanha!

Bem, domingo passado choveu, mas nós estávamos dispostos a não ficar em casa. Então fomos passear em Montreux. Afinal, das outras vezes que fui, o marido não estava junto e ainda não tinha conhecido o Château de Chillon e nem posado ao lado de Freddie Mercury. Como a visita ao castelo independe da chuva, foi uma forma de aproveitar o domingo de chuva. Foi muito bom voltar lá e rever toda aquela beleza. Vou postar algumas fotos dessa segunda ida ao Chillon. Para aqueles que ainda não sabem nada sobre o castelo, recomendo que acessem minha primeira postagem sobre Montreux (Montreux, minha paixão suíça). E sim, eu continuo apaixonada por Montreux. Com a chegada do outono, pudemos tirar fotos simplesmente únicas que só a paisagem da cidade pode oferecer. Espero que aproveitem as fotos, como nós aproveitamos o domingo - mesmo com o tempo pouco favorável. E voilà!
















sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Biblioteca Municipal de Vevey

Outro dia, nas minhas andanças por Vevey, parei na Biblioteca municipal para fazer meu cadastro. Já fazia tempo que queria fazer, pois minha professora de francês havia recomendado como suporte para meus estudos. Mas cada hora era uma coisa: sempre que passava na porta, ou eu estava sem dinheiro na mão ou estava sem a minha permit, aquela identidade suíça que fiz logo que cheguei aqui. Como a biblioteca fica de frente pro lago, sempre passo ali durante minhas caminhadas, mas nunca com o necessário para me cadastrar.

Finalmente saí de casa com esse objetivo: ir à biblioteca. Como boa professora e jornalista, sou uma pessoa apaixonada por livros. Sou aquela que, ao entrar em uma livraria ou biblioteca, perco a noção do tempo e tenho o inevitável pensamento de que poderia morar naquele lugar. E a biblioteca de Vevey tem dois fatores que dão um plus a esse meu sentimento: primeiro porque ela tem um charmoso café logo na entrada, onde você pode ficar para ler ou até bater papo com amigos enquanto toma um café - hábito tipicamente europeu. E segundo porque ela está na minha localização preferida da cidade: perto do lago. A vista é simplesmente deliciosa. Com os livros ao redor, então, momento de puro deleite.

O processo de cadastro é simples: qualquer pessoa que more aos arredores de Vevey pode fazer sua carteirinha, o que permite usar os livros da biblioteca. Há também uma midiateca, mas para emprestar CDs e DVDs, a taxa de adesão é um pouco maior. Mesmo assim, optei pela adesão completa, ou seja, acesso ilimitado aos livros, CDs e DVDs que o espaço oferece. Acho que na situação em que me encontro, querendo aprender francês o mais rápido possível, quanto mais opções, melhor. É permitido levar para casa até 10 livros por 4 semanas. Para CDs e DVDs, o limite é de 4 itens pelo mesmo prazo de 4 semanas.

O que me encantou mais uma vez foi a confiança que os suíços têm nas pessoas. No momento do cadastro, não foi necessário apresentar nenhum comprovante de residência em Vevey, embora a moça tenha me perguntado. Preenchi a ficha, paguei a taxa correspondente a minha escolha e recebi na hora meu cartão de acesso, podendo pegar emprestado o que quisesse, imediatamente. Embora não seja muito grande, percebi que a biblioteca tem um considerável acervo. Junto do catálogo que traz as informações e o regulamento, recebi um folder com alguns eventos culturais que serão realizados e uma outra revista com a lista das novidades adquiridas recentemente pela biblioteca. Tudo muito organizado, como os suíços costumam ser. 


Diferentemente do que estava acostumada a ver no Brasil, os ambientes da biblioteca estão sempre movimentados. Aqui, para todo lado que se olha - inclusive aos arredores do lago - é normal ver alguém lendo, concentrado.

Embora meu cadastro tenha como objetivo principal praticar a leitura em francês, não pude esconder a minha alegria ao ver uma prateleira com livros em português. Uma prateleira pequena, porém decente, como diria meu saudoso avô. Mas ela está lá, nossos autores renomados enfeitam a Biblioteca Municipal de Vevey. Até tirei uma foto de um dos títulos do maior nome da nossa literatura: Machado de Assis. 


Quem pensa que o Brasil não tem coisas boas mundo afora, está enganado. O problema é que, infelizmente, o que é bom, pouco se propaga. Nossa literatura é riquíssima. O que falta é incentivo à leitura e também aos espaços favoráveis a esse hábito. Sem contar os preços exorbitantes de livros no Brasil. Aqui, já paguei 1 franco por um livro. No Brasil, nem jornal por um real. Mas tenho fé de que um dia a gente chegue lá. Até a próxima - que, a propósito, será da Alemanha - e voilà!

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Curiosidades de outono

Depois daquela semana com momento down, o sol graças a Deus voltou a dar o ar da graça e o que mais fiz no final da semana passada foi bater perna. No final de semana a chuva voltou, mas nem por isso ficamos em casa (só que essa parte eu vou contar em outro post).

Bem, na minha primeira volta por Vevey pós momento down, encontrei alguns momentos interessantes que fotografei e chamei de "Curiosidades do outono suíço". Como já disse, o clima mudou totalmente. E além de sentirmos isso na pele (temperaturas mais baixas, maior umidade, etc), percebemos isso através das árvores. As folhas começaram a amarelar, cair e, agora, algumas árvores estão ficando até com as folhas mais avermelhadas. Essas imagens são das árvores que vejo da janela da sala de casa. Tenho tentado registrar cada mudança pra comparar e aqui vão algumas.



Outro fator interessante que observei foi que, no mesmo dia que saí de casa porque o sol tinha voltado, pareceu que toda a população de Vevey fez a mesma coisa. As pessoas ficam loucas pela presença do sol e, quando ele aparece, todo mundo vai pro lago e aproveita o bom tempo, que dura pouco. Afinal, o inverno está chegando e o sol vai ser artigo de luxo logo logo.

Agora a principal e mais interessante curiosidade de outono é esta: aqui, as flores dos jardins públicos não morrem com o inverno, o que seria o natural, certo? Mas há uma intervenção humana que impede que isso aconteça. Durante o outono, as plantas e flores são cuidadosamente retiradas dos canteiros e encaminhadas para estufas, onde serão cuidadas durante o período gelado para, na primavera, serem colocadas de volta nos jardins e arredores do lago. Dá pra acreditar? Quando uns amigos nos contaram, ficamos admirados com isso. Sabíamos que as flores não nasciam da noite para o dia na primavera, mas pensávamos que eram outras flores cultivadas para a nova estação. E em um dos meus passeios, pude presenciar o processo de retirada das flores.



Nessa última foto, reparem que o canteiro já está vazio. As flores já foram colocadas no caminhãozinho que está ao fundo. Dali eles partiram para outro canteiro e eu fui embora, pensando no significado desses gestos, desse cuidado. E achei simplesmente lindo. Um gesto pequeno mas muito significativo de respeito à natureza, à vida. E vamos aprendendo com isso... Voilà!

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Momento down: quem nunca?

Bonjour, amigos!

Preciso confessar uma coisa: meu sumiço de uma semana tem um nome: desânimo. Acho que foi o frio e a chuva incessante somados àquela saudade de quem já está há três meses distante de tantas pessoas queridas. Então confesso: bateu um momento down e eu não estava afim de escrever nem de sair e enfrentar a chuva e a realidade do meu novo momento suíço.

Pra completar, inventei de fazer dieta. E tem coisa que deixa uma mulher mais deprê do que dieta? Acho que não... fiquei em casa monitorando o que comer, mas ao mesmo tempo enterrada no sofá assistindo filmes e seriados. Salvo alguns momentos divertidos no X-box - adooooro os jogos de esporte, meu dia se resumia em ler, estudar francês (menos do que fazia no início, admito também), ver televisão e conversar com a família através do skype. E só! Saía de casa apenas em casos de necessidade, ou seja: aulas de francês e supermercado. Até a academia eu meio que abandonei e fui só uma vez (fiquei lá meia hora e voltei pra casa).

Mas quem nunca passou por isso, principalmente vivendo em outro país, que atire a primeira pedra. Mesmo quando tudo está nos conformes, quantas vezes não nos bate aquela vontade de fazer nada? A diferença é que, quando se tem uma rotina de trabalho, não se pode dar a esse luxo. Ainda bem! Pois quando não se tem nenhuma obrigação, essa vontade de fazer nada se torna irresistível e vence qualquer plano de fazer outra coisa.

Vocês devem estar se perguntando: mas e aquele papo das escolhas, Fernanda? Você não disse há alguns posts que todos os dias escolhe ser feliz? Sim, escolho, e por isso mesmo não deixei esse momento durar mais que uma semana. E cá estou eu, de volta, num momento desabafo sobre esses últimos dias introspectivos. Afinal de contas, quando comecei a contar sobre a minha vida na Suíça, sabia que momentos como esse viriam. E contar tudo aqui faz parte do projeto blog. Quase igual a um casamento: na alegria e na tristeza, certo?

Hoje o sol está de volta e me senti na obrigação de sacudir a poeira. Logo ele irá embora, mas isso não significa que vou me atolar na lama da chuva de novo. Já estou traçando meus roteiros para os próximos dias, faça chuva ou faça sol - ou neve, na pior das hipóteses. Como  já nevou nas montanhas e algumas pessoas disseram que não vai demorar muito para nevar por aqui, não posso descartar a neve das minhas previsões do tempo. E começo a acreditar naquele papo de que o tempo lá fora influencia nossas reações aqui dentro. Mas quando a tristeza bater, eis o que vou dizer:


E como tristeza não combina nem um pouco comigo, isso é exatamente o que vou fazer."Se posso me adornar com a alegria, não é a tristeza que eu vou tecer. Que hoje seja mais um belo dia!" Vou ser feliz e volto depois pra contar, ok? Voilà! 

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Curiosidades sobre Educação na Suíça

Olá, queridos leitores. Depois de alguns dias sem postagens, volto com um texto inspirado em uma conversa que tive ontem com uma amiga muito querida. Assim como eu, ela é professora. Contando para ela algumas descobertas sobre a Educação na Suíça, pensei: por que não transformar essas informações em um post? Bem, então aqui vamos nós.

Depois de quase três meses vivendo aqui, posso dizer que estou evoluindo bem com meu francês. Ainda não estabeleço uma comunicação longa, pois me faltam palavras para um diálogo, mas no que diz respeito a compreender o que ouço e leio, estou satisfeita com meu progresso. Mas não é sobre o meu aprendizado que vou falar. Só estou comentando porque foi através dele que cheguei a essas informações sobre o sistema educativo desse país tão organizado e, posso dizer sem medo de ser exagerar, evoluído também nesse setor.

Cheguei na Suíça durante as férias escolares. O ano letivo, aqui, começa no segundo semestre: algumas escolas no final de agosto, outras somente no início de setembro. Isso acontece porque o ano letivo é organizado a partir das estações do ano. E o suíço gosta (e precisa) de aproveitar o verão.

Para quem não sabe, a Suíça possui quatro idiomas oficiais: o alemão, o francês, o italiano e o romanche, esse último quase não mais utilizado. Vevey pertence à região francesa, mas suas escolas oferecem, além do francês, o alemão logo de início. Depois de alguns anos, os alunos têm também a opção do italiano e do inglês. Portanto, é muito comum você ouvir uma criança entre 5 e 8 anos falando pelo menos dois idiomas, mesmo que ela não estude em uma escola internacional. Estas oferecem o inglês como idioma principal, mas também disponibilizam os três principais idiomas do país. Soube ainda que, algumas delas possuem aulas de outros idiomas, como o espanhol, pois consideram importante que seus alunos mantenham o estudo da língua materna (infelizmente, o português não está nesse pacote).

Além das aulas de idioma, matemática, história, geografia, etc, os alunos têm opções diversas de esportes. Atividades recreativas são oferecidas com frequência. Há também os projetos de férias, que proporcionam experiências diversificadas, inclusive de trabalhos sociais. As meninas podem ainda aprender a cozinhar, costurar, bordar, enfim, aulas extras de coisas simples, porém práticas.

Outro fator interessante são as férias. Assim como no Brasil, o ano letivo é dividido em ciclos, mas aqui predomina o sistema trimestral. Alguns trimestres são maiores, como o de inverno, mas duas coisas me chamaram a atenção nessa divisão. A primeira é que, a cada final de trimestre, as escolas têm um período de férias. As férias de verão (nos meses de julho e agosto) e de final de ano (para celebrações do Natal e Ano Novo) são as mais longas; mas entre cada trimestre, alunos e professores têm um período de uma ou duas semanas para descansar. Fantástico, não? Como professora, sempre desejei uma paradinha entre um bimestre e outro... Bem, o segundo ponto que me deixou admirada ainda é relacionado a esses pequenos intervalos de férias. Como já contei no post anterior, acabamos de entrar no outono e as mudanças climáticas são nítidas. Assim como o Brasil possui o horário de verão, a Suíça possui o horário de inverno, que entrará em vigor nas últimas semanas de outubro. E não é que as férias desse trimestre acontecem justamente na semana da mudança do horário? De acordo com minha professora de francês, é uma medida para as crianças se adaptarem, pois é automático elas terem mais sono nesse período e precisam se acostumar. Que tal?

Ah! Já ia me esquecendo de outro detalhe: ninguém na Suíça precisa madrugar para ir à escola. As aulas começam somente depois de 8h30. A maioria se estende a um período da tarde, mas acho super válida essa adaptação e o fato de todos poderem dormir um pouco mais. Enquanto isso, o Brasil mantém o início de aulas entre 7h e 7h30, forçando nossos alunos a professores a estarem de pé no máximo às 6 da manhã... Diferenças culturais, concordo. Mas gosto mais da filosofia suíça.

E para terminar, a principal diferença que, quem sabe um dia, nosso amado Brasil aprenda: os professores suíços são valorizados pelo que fazem. E reconhecidos em sua remuneração, o que não acontece no nosso país, principalmente no ensino de rede pública. Essa imagem que está circulando no facebook diz tudo:


Bem, meus amigos, essas são somente algumas diferenças que conheci. Certamente, existem outras. Mas essas, em especial, chamaram a minha atenção e me fizeram pensar o quanto meu querido Brasil precisa aprender e evoluir. Tenho a esperança de que isso, um dia, aconteça. Até a próxima e... voilà!

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

E chega o outono...

Outubro: começo de um novo mês e sinais da nova estação. Na Suíça, diferentemente do Brasil, a estação que chegou no final de setembro foi o outono. Enquanto o Brasil abre as portas para a primavera e suas flores, a Suíça se despede delas e recebe o vento e, com ele, muitas folhas pelo chão.

Uma coisa que sempre ouvi sobre morar na Europa é que você percebe muito facilmente a mudança das estações. Realmente no Brasil, de uns anos pra cá, outono, primavera e verão tem sido quase uma mesma coisa. E às vezes até no inverno enfrentamos dias quentes. Sempre me disseram que na Europa isso é bem diferente. Quando contei a alguns amigos que estávamos vindo morar na Suíça, muitos comentaram: "nossa, você vai ver que maravilha! Lá você percebe a diferença das 4 estações!". Bom, eu não colocava muita fé nisso, mas percebi que estava totalmente errada e vou explicar por quê.

Primeiro porque nunca pensei que fosse sentir calor na Suíça. E isso não conta dentro de casa, onde o ambiente é aquecido. Não pensava ser possível sentir calor aqui. Tanto que trouxe pouquíssimas roupas mais frescas e passei aperto nas minhas primeiras semanas: tive que ir às compras - o que não foi difícil pra alguém que adora comprar! Mas o verão, ao contrário do que eu imaginava, estava realmente com cara de verão. Cheguei a pegar 30 graus! Mas ao contrário do clima mega tropical que estamos acostumados, é um verão agradável, acredito que devido à umidade do ar. E ele durou até o final de agosto! Dias quentes, bonitos e ensolarados marcaram meus primeiros dois meses de vida suíça.

Setembro começou e, antes mesmo da virada da estação, a mudança climática foi nítida: o vento começou a se manifestar mais e vieram também os dias de chuva. A temperatura passou para o máximo de 18 graus e uma meia-manga começou a se fazer necessária, principalmente à noite. Fiquei mais impressionada ainda durante a nossa viagem para a Itália, quando passei a observar que as montanhas, no topo, já estão com neve! Mas ao redor ainda era possível ver tudo verdinho e florido! Imagens que pareciam obra de arte de tão lindas!

O outono finalmente chegou e, com ele, o mês de outubro. E nesses últimos dias tenho observado outras mudanças, segundo fator que me levou a realmente acreditar que é possível perceber as 4 estações quando se vive na Suíça. Os dias estão mais cinzentos. O sol ainda aparece, mas por menos tempo. As folhas estão caindo e fazem um verdadeiro tapete em algumas áreas do parque próximo ao lago. Outra mudança nítida foi a duração dos dias. Quando cheguei aqui, em pleno verão, 5h da manhã já tinha sol e ele só ia embora perto das 10h da noite. Outro dia acordei em meio ao que pensava ser madrugada para fazer xixi. Tamanha foi minha surpresa ao olhar no relógio e ver que já eram 7h da manhã. Os raios de sol, ou melhor, de luz - já que não havia sol - só apareceram depois das 7h15. E agora, entre 19h e 19h30, a noite já invade o céu. Os comentários são de que em novembro e dezembro esse prazo de luz do dia é ainda menor. Mas quando essa fase chegar, conto as minhas impressões aqui, combinado?

Outro ponto interessante é a sensação térmica. Por várias manhãs observei o termômetro que fica na avenida do meu curso de francês e ele chegou a marcar entre 12 e 10 graus. No entanto, eu estava apenas com uma blusa de malha mais fina e não sentia o mesmo frio que sinto quando é essa a temperatura no Brasil. Curioso, não? Imagino que seja para compensar o que vem por aí no verdadeiro inverno. Mas quando ele chegar, eu conto tudo pra vocês. Por enquanto, ficamos com os ventos do outono e suas folhas caídas, que dão um charme à estação. E um leve agasalho pra sair de casa, por favor. Voilà!